De todas as mudanças ocorridas durante a pandemia da Covid-19, especialmente nas relações de trabalho, quais delas serão consideradas o “novo normal”?
A pandemia trouxe a necessidade de distanciamento social e de evitar aglomerações, o que gerou impactos na economia global e pode ter contribuído (ainda é cedo para dizer) para redesenhar nossas fronteiras comerciais.
Mas, isso também significou, para nós, indivíduos, adquirir novos hábitos como usar máscaras respiratórias e acompanhar o noticiário sobre as etapas de desenvolvimento, testagem e distribuição de vacinas.
Me parece óbvio que não usaremos máscaras respiratórias para sempre e que, em breve, arrefecerá o interesse pelo processo de produção de vacinas.
O propósito deste texto é tentar identificar quais mudanças se estabelecerão e ter um vislumbre do que será o trabalho do futuro.
O trabalho remoto é o exemplo mais lembrado das transformações trazidas com a pandemia. Algumas empresas anteciparam projetos de implantar futuramente o home office, enquanto a maioria acabou sendo surpreendida com essa modalidade de trabalho.
É difícil dizer até que ponto o home office é uma tendência definitiva. É mais provável que isso aconteça em grandes centros urbanos e em setores nos quais já havia experiências de trabalho remoto. Para que se consolide em outros nichos, é preciso que o home office seja mais eficiente e menos dispendioso que o presencial. Mas não só isso.
É preciso, também, mudar como se vê o trabalho. Como a remuneração, em regra, é calculada por unidade de tempo, é comum que empresas considerem produtivo o empregado que não tem medo de permanecer longas horas na empresa. Sem entender que o tempo, sozinho, não mede eficácia, muitos empregadores ainda vão buscar no trabalho presencial um meio de garantir que o salário está sendo bem pago.
A pandemia impulsionou a digitalização de diversos processos de trabalho, como as reuniões por vídeo-chamadas ou a assinatura de documentos em meio eletrônico. Houve um aumento significativo no uso de cartões de débito e crédito e de pagamento por smartphone. Prestadoras de serviços e varejistas encontraram no e-commerce e no delivery um meio de sobrevivência. O ponto eletrônico pode ser batido por smartphone e sem contato manual.
Com a internet 5G no horizonte, é possível que as transformações sejam ainda mais direcionadas à informatização e digitalização dos fluxos e processos de trabalho.
Em termos de recursos humanos, a pandemia demonstrou a necessidade das soft skills – como criatividade, inovação e adaptabilidade – que permitiram a colaboradores e empresas navegarem em águas turbulentas.
*Ulisses Tasqueti, advogado, sócio do escritório De Paula Machado Advogados Associados